O Bairro Municipal de Infulene D situa-se no Posto Administrativo do mesmo nome. Faz fronteira com os bairros de T-3, Infulene A, Ndlavela e Patrice Lumumba. Tem cerca de 165 mil habitantes distribuídos em três células e 48 quarteirões.
Como a maioria dos bairros, o secretariado do bairro funciona nas mesmas instalações do Comitê do Partido Frelimo. Tornou-se enfadonho colher depoimentos dos moradores dos bairros para apurar o termômetro dos mesmos. Regra geral, ouvimos lamentações e mais nada.
O bairro Infulene D como muitos não possui um posto de saúde, um posto policial nem uma escola secundária completa. Os cidadãos interpelados pelo Correio da Matola clamam pela recolha dos resíduos sólidos "porque pagamos taxas de lixo e no fim enterramos nos nossos quintais. É frustrante", queixa-se Susana Langa do quarteirão 38, célula 3.
Sentado numa cadeira de rodas, Muhamed Hassan de 48 anos de idade disse num tom lacónico "estou farto de me queixar das mesmas coisas e nada muda", afirmou com uma voz cansada e acrescentou: já fiz covas que bastem no meu quintal, para enterrar o lixo mas quando compro energia sou descontado a taxa de lixo. As ruas quando chove ficam intransitáveis, a polícia municipal mesmo vendo a minha deficiência física aplica taxas absurdas na pequena mercearia que tenho", terminou.
O Correio da Matola apurou que o bairro Infulene D possui duas escolas primárias completas: Escola Primária Completa Eduardo Mondlane e Escola Primária Completa Acordos de Lusaka, ambas situadas na célula "1" e uma escola secundária do primeiro ciclo na célula 2.
Encontramo-lo de tronco curvado na máquina de coser. Há meio século que Felisberto Bié ou vovó Beto costura sacos para as "mamanas" vendedeiras de tomates, feijão, cebola, etc. É um poço de memórias sobre o bairro Infulene D, dos seus 75 anos de idade, 54 foram vividos no mesmo local, ou seja, há mais de 50 anos que vovó Beto vive no quarteirão 38, célula 3. Há mais de 57 anos, que vive maritalmente com a mesma mulher e sobrevive com a mesma profissão.
"Quando cá cheguei, na quarteirão só tinha duas casas. Era tudo mato. Com o desenvolvimento, de repente ficamos até sem espaços de reservas. Foram vendidos. Os valores morais também se perderam, por isso, os casamentos não duram", lamentou vovó Beto. Como se preserva um casamento para toda a vida? Pergunta curioso o repórter: "é preciso saber sobretudo, gerir os desentendimentos - diz experiente vovó Beto e explica "nunca precisei levantar a mão para minha esposa nem mesmo levantar a voz. Quando os ânimos se exaltam saio e espaireço. Volto mais calmo", aconselhou.
Após trocar conversa com o nosso repórter, vovó Beto levanta-se e segue rumo aos mercados onde espera vender os seus sacos. Lento nos movimentos, passos cambaleantes cumpre a rotina que perdura há cinco décadas.
Quem também mostrou insatisfação pelo rumo dos acontecimentos no bairro Infulene D, é o jovem Baltazar Matsolo, nativo do quarteirão 28, com 30 anos de idade afirma que os jovens são marginalizados pelas autoridades locais e dá exemplo: "para ocupar de alguma forma os jovens desempregados do bairro quis criar uma associação virada para a educação. Infelizmente, o secretário do bairro criou vários entraves, contudo, tem vendido espaços reservados", acusou Matsolo que defende que as lideranças dos bairros devem ser dirigidas por pessoas estudadas mas que não é o caso.
O Correio da Matola tentou colher mais subsídios do secretário do bairro local, identificado por Nhantumbo, contudo, este encontra-se no gozo de férias.
Em suma, os residentes do bairro por nós escalado esta semana pedem um posto de saúde na máxima urgência e um posto policial, "não temos uma unidade sanitária, o sector polícial que temos só tem três agentes da PRM," anotou a jovem Márcia Zandamela, de 19 anos de idade.