A Matola tem talentos para reerguer a música moçambicana - assevera Enosse Moiane
O Correio da Matola visitou nesta terça-feira (26 de Abril), o único local promove "shows" ao vivo no Bairro Municipal de Nkobe. Enosse Moiane, jovem de 38 anos de idade, proprietário do Frango de Nkobe explicou ao nosso repórter o que norteou a criação de um sítio de eventos num bairro novo e ainda em expansão nos arredores da cidade da Matola.
"Sempre quis ser mais um actor interventivo da nossa cultura. Sinto que em termos culturais estamos cada vez mais no abismo. Por isso, criei condições para que os novos talentos apareçam", começou por dizer Enosse que acredita que Matola tem potencial para reerguer a música moçambicana.
Indo mais longe, Enosse explicou que o problema dos jovens músicos actuais é a preguiça. "Eles se apegam muito as músicas electrónicas, não aprendem a tocar instrumentos musicais. No palco do Nkobe todos os interessados têm a oportunidade de tocar instrumentos: Viola, guitarra, bateria e cantar ao vivo", disse com convicção.
O proprietário do Clube Frango de Nkobe é um matolense, residente em Nkobe, há 11 anos e afirma ter testemunhado as várias metamorfoses do bairro. "Quando vi o início da construção da estrada Nkobe-Mapandene, pensei comigo que tinha chegado o momento em que as pessoas deviam parar de ir a cidade de Maputo para se descontraírem". O Frango de Nkobe fica a cerca de 150 metros da terminal e a beira da estrada.
No fim de semana que se avizinha, alusivo ao dia do trabalhador, o gestor que também é proprietário garante que o Frango de Nkobe terá como sempre, música ao vivo. Na sexta-feira, o artista residente, o guitarrista, de nome João subirá num palco que já actuaram figuras como António Marcos, Banda Real e Tinito para alegrar os que se farão presente. Já no domingo, o público vai vibrar com a actuação de um grupo oriundo da República de Congo denominado Kwassa-Kwassa, a partir das 19 horas.
O mais importante para Moiane é que os artistas adiram em massa ao local, principalmente os novos talentos que queiram aprender a tocar instrumentos musicais. "Queremos uma Matola mais cultural e vibrante. Queremos ser referência, sonhamos um dia virmos uma estrela a actuar fora do país e dizer com orgulho que a mesma foi projectada no bairro Nkobe", referiu Enosse, para quem a arte está acima do lucro, "diferente de muitos lugares, o nosso karaokê é ao vivo- a pessoa escolhe a música e a banda toca. Não estamos aqui só por dinheiro, por enquanto, invisto mais do que ganho. O cachê dos artistas da velha guarda é alto e emprego 10 trabalhadores. Contudo, fico feliz quando vejo no palco três ou quatro novos talentos a despontarem".