Capitaneado pela “Escola tribal do Clã Simango”, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) parece estar a viver os piores, se não, os últimos momentos da sua vida como formação política.
Dados em posse do Correio da Matola, indicam que as fugas dos verdadeiros cérebros não se resume apenas em Venâncio Mondlane e António Frangoulis. Outrossim, apurou o nosso Jornal, engrossa a lista dos desertores, o académico e deputado da Assembleia da República, Silvério Ronguane que embora tenha visto a sua candidatura a cabeça de lista para a Presidência do Município da Matola patrocinada, o homem se sente, tal como os outros membros do “galo” originários da região sul do país, usado pela turma da Beira.
Entretanto, o Correio da Matola sabe que, aliás, tornou-se nos dias últimos, tema de conversas virais nas redes sociais, na mídia e nos cafés, que o MDM está à beira do fim, alegadamente por causa da falta de liderança, alicerçada por actos e princípios tribalistas.
A título ilustrativo, as nossas fontes contaram que todos cargos de direcção e chefia, incluindo de liderança da liga da juventude, da mulher e de membros da comissão política e membros do conselho de jurisdição são exercidos maioritariamente por indivíduos das relações familiares ou pelo menos da zona de origem de Davis Simango.
Os outros membros “são usados para fazer barulho e engrossar a lista de militantes, e não são contados para o futuro do partido”, lamentou uma fonte sénior em conversa com a nossa reportagem.
Mulenga ou Langa?
No caso do Município da Matola, a nossa reportagem apurou que a indicação de Silvério Ronguane para cabeça de lista gerou muito muita celeuma e revolta no seio dos membros alegadamente porque existe uma ala, “alinhada ao clã” que “preferia a indicação do actual chefe da bancada na Assembleia municipal da Matola e Presidente da Liga da Juventude do MDM Renato Mualenga”.
A outra ala, preferia o membro da Assembleia Municipal Elias Langa, que em conversa com o Correio da Matola, fez saber que houve sim barulho nas internas do MDM, devido a imposição do nome de Silvério Ronguane. Elias Langa explicou que as rixas opuseram o filósofo e ele próprio “os munícipes da Matola queriam a mim como cabeça de lista. Eles, os munícipes, achavam que eu era a pessoa indicada para dirigir os destinos da Matola mas depois desisti da corrida para apoiar a candidatura de Silvério Ronguane”.
Uma fonte bem colocada no partido do Galo, afirma que, o nome de Ronguane só foi resgatado para evitar que ele seguisse o exemplo de Venâncio Mondlane e António Frangoulis “ ele podia abandonar também o partido ou forçar a liderança a lhe dar mais poder, por isso trouxeram-lhe de volta aqui. Ele também estava disputar a província de Maputo com Frangoulis”.
Rongaune feliz: Mulenga e Langa conformados?
Com o nome de Ronguane endossado pela família Simango, nada mais resta aos militantes Elias Langa e Renato Mulenga, a não ser seguir a vida política do partido. Agora, sobretudo o Renato Mulenga, vai ter que gerir dois assuntos, nomeadamente: a sua azeda relação com o delegado provincial do MDM, Nelson Manhenje, que vê no no Presidente da Liga da Juventude, um verdadeiro adversário que está caminho de mais patamares dentro do Galo; outro problema é Silvério Ronguane, homem astuto que pode facilmente atrapalhar os planos de Renato, de um dia ser a escolha do Galo para Matola.
Por seu turno, Elias Langa, vai ter que se conformar com a Assembleia Municipal, uma vez que os seus intentos, por enquanto, não cruzam com os projectos políticos do clã Simango, agora preocupado com a gestão da crise interna.
Recorde-se que o ponto mais alto da crise política no MDM deu-se semana passada quando Venâncio Mondlane, deputado da Assembleia da República recusou-se a ser cabeça de lista indicado pelo partido do “Galo” na cidade de Maputo.
Através de um áudio que ele mesmo gravou, no qual se distancia desta indicação e espalhou nas redes sociais o deputado diz: “Eu, Venâncio Mondlane, não sou cabeça de lista do MDM, não serei e não quero ser cabeça de lista do MDM. Não sou candidato a presidente do Conselho Municipal de Maputo pelo MDM”, disse, acrescentando, “este anúncio que vai ser feito ou que já tenha sido feito é verdadeiramente falso e não veio de mim, não tem o meu consentimento, não tem o meu aval. É, para todos efeitos, um anúncio nulo”, sublinhou.
António Frangoulis, antigo deputado da Assembleia da República pela bancada parlamentar da Frelimo, e ex-director da extinta Polícia de Investigação Criminal (PIC) na Cidade de Maputo confirmou em entrevista a um semanário da praça que está em vias de saída mas pondera voltar se “só e somente depois de se fazer uma mudança naquele sentido que a gente queria.