Os crimes contra pessoas, na forma de homicídios e violação sexual de menores, e, nalguns casos de adultos, estão a ganhar campo na Província de Maputo, em particular no Município da Matola.
Os exemplos são vários, entretanto, o Correio da Matola traz nesta edição, o caso do jovem Tomás Jordão Chambeque, de 35 anos de idade que, com recurso a um pau de pilar, ceifou a vida ao tio de 37 anos de idade, alegadamente porque o finado pretendia violar sexualmente a sua esposa.
O crime deu-se na noite do último sábado no Bairro da Machava, na autarquia da Matola. O autor do crime, mesmo depois de confessar e já encarcerado na 5ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique, apresenta justificações que provam, na sua óptica, a sua inocência.
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Sobre as razões do cometimento do crime, o jovem Jordão Chambeque conta que tudo começou na zona do Alto-maé, na cidade de Maputo onde exercia a actividade de comerciante informal.
Conta que na altura, o tio ora assassinado, teria ido ao encontro dele a fim de pedir ajuda em dinheiro para pagar transporte que lhe levasse de volta à casa.
Nisso, “tirei do meu bolso uma nota de 50 meticais e dei ao meu tio. Ele perguntou-me depois a que horas eu iria sair, eu respondi que, como se tratava de um sábado não iria demorar, prevendo terminar a minha actividade no período das 17horas e 30 minutos às 18horas. Isso porque, durante os dias úteis da semana, costumo despegar um pouco mais tarde por causa do movimento das pessoas na cidade”.
Depois de receber o valor que pedira, de acordo com as declarações do jovem detido, o tio teria decidido esperar por ele até fechar a banca para juntos depois irem para casa.
“Algum tempo depois ele pergunta-me se não tinha dinheiro para comprar uma bebida alcoólica? Tirei uma nota de 100 meticais e fomos comprar um Lord Gin e começamos a beber. Quando acabamos, arrumei as sapatilhas e fomos apanhar um transporte semi-colectivo de passageiros que nos levou até à sua casa, na Machava”.
E porque era noite, o tio, ora assassinato, não continuou com a viagem, tendo decidido dormir na casa do sobrinho.
Na ocasião, explica o autor do crime, “entrei com ele na minha casa, que é constituída por um quarto apenas que partilho com a minha esposa e mais dois filhos menores. De seguida transferi as minhas crianças para dormir com a mãe na cama maior e eu e ele ficamos na espoja no chão”.
A noite foi caindo e o sono tomando conta do dono da casa. Todavia, justifica, “enquanto eu dormia, o meu tio levantou-se da espoja onde dormia comigo para tentar violar sexualmente a minha esposa. Só que ela gritou, e eu levantei-me a perguntar ao meu tio o que ele queria fazer com ela. De seguida, ele apertou-me o pescoço e começamos a lutar”.
Durante a troca de força entre os dois, Tomás Jordão Chambeque relata que a esposa consegue sair do interior da casa com sua filha menor de apenas um ano e dois meses para o quintal e chama pelos vizinhos.
“Lá dentro ficamos nós os dois a lutar até que caí no chão. Mesmo assim, o meu tio não parava de chutar-me no corpo com as suas botas. Nesse momento, a minha esposa e os meus filhos estavam a gritar a pedir socorro aos vizinhos que foram chegando um atrás do outro. Foi quando vi um pilador guardado numa das paredes e decidi usar para me defender das agressões que estava a sofrer”, contou.
Depois, revelou a fonte, “lancei duas vezes o pilador para a cabeça do meu tio, tendo ele caído no chão cheio de sangue. Saí para acordar e contar aos vizinhos que estávamos a lutar porque ele quis violar sexualmente a minha esposa”.
Instantes depois, refere, “volto com os meus vizinhos e vimos que ele já tinha morrido. Fiquei sentado no quintal e depois os meus vizinhos chamaram a polícia e levaram-me para aqui”.
Mesmo assumindo a responsabilidade da morte do tio, Tomás Jordão Chambeque, afirma que não quis matar seu familiar. “Não fugi e estou consciente do que aconteceu, mas eu não quis matar a ele. O meu tio é que causou tudo isto, querendo violar a minha esposa e eu como marido dela tinha que lhe fazer parar, só que ele começou a agredir-me fisicamente e na minha resposta ele apanhou a morte”, defendeu-se o jovem vendedor informal.
Questionado se desconfiava do relacionamento amoroso entre o tio e a esposa, Tomás Chambeque respondeu não saber, pois aquela era a primeira vez que levava o familiar a sua casa.
“Ele apenas passava da minha banca alegando que vinha me ver e, às vezes, pedir dinheiro de chapa, mas nunca quis ir comigo a minha casa”, disse.
A Porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Província de Maputo, Simiana Carla Fondo, disse que o caso já está a ser tramitado legalmente.
“Da discussão resultaram actos de agressão entre ambos, onde, Tomás Chambeque levou um pilão e atirou contra a cabeça do tio. Já imobilizado, foi chamar os vizinhos, que por sua vez, informaram a polícia. Abriu-se um auto que resultou em processo-crime que neste momento segue seus trâmites legais”.