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- Publicado em 30 novembro -0001

Não há nenhum cidadão moçambicano que pode gabar-se de nunca ter necessitado dos cuidados de um enfermeiro, se o houver por aí, é seguramente uma pessoa de sorte. Vem a propósito este inusitado introito pela passagem de mais um aniversário do Dia Internacional dos Enfermeiros. O Correio da Matola entende que os serviços da saúde não vingam sem a classe, e, por isso mesmo, não pôde apartar-se da data.
O mundo vergou-se aos enfermeiros no longínquo dia 12 de Maio de 1965, ou seja, há 51 anos que o planeta terra rendeu-se aos técnicos de enfermagem.
Para celebrar a efeméride, o Correio da Matola visitou duas unidades sanitárias do Município da Matola, com o intuito de auscultar avanços, desafios dessa classe trabalhadora.
Há no discurso dos entrevistados um ponto comum: os enfermeiros vão ganhando "na carruagem do tempo" mais destaque na sociedade".
De sorriso aberto, discurso ponderado, Lídia Macuácua, cedeu ao convite do repórter do Correio da Matola para tecer algumas considerações sobre o seu trabalho no único Hospital Provincial da Matola. Visivelmente emocionada, falou de altruísmo, ou seja, "para cuidar da saúde dos seres humanos é preciso muitas vezes esquecer das próprias dores ou inquietações", começou timidamente por dizer.
Discorrendo sobre os avanços da classe, Lídia que é enfermeira do sector da maternidade emociona-se "na relação de uma mulher que está para parir mais um ser para o mundo, penso que sempre estivemos bem. Em relação às condições de trabalho registamos nos últimos anos grandes avanços", disse Lídia que apelou aos enfermeiros a cuidarem dos pacientes como se cuidassem deles próprios porque "o nosso maior valor é vida".
Distante dos holofotes e das câmaras, Rui Cumbane trabalha arduamente sobre a capa do anonimato. Nunca mereceu ser capa do jornal mas "todos os dias luto para salvar vida, é preciso dar o nosso melhor", referiu o enfermeiro afecto ao Hospital Geral da Machava.
Rui Cumbane destaca que o principal desafio da sua profissão é de lidar com vários pacientes com humores diferentes, "uns reconhecem o nosso valor, outros humilham-nos. Enfim, são ossos de ofício", desabafa Cumbane que defende o aumento salarial com base no desempenho profisional de cada técnico de enfermagem.
O Correio da Matola interpelou ainda no Hospital Geral da Machava, Miguel Raimundo, que defende uma mudança de mentalidade de alguns colegas desonestos que "mancham a profissão", fazendo cobranças ilícitas aos pacientes que "furam" a bicha para o atendimento. Para além de lamentar, Miguel enalteceu os progressos dos enfermeiros nacionais ao longo dos anos. Disse sentir-se orgulhoso por servir os outros. "É um trabalho que depende muito de espírito de boa vontade e equipe", concluiu.
O dia 12 de Maio, Dia Internacional dos Enfermeiros foi escolhido como homenagem ao nascimento da Florence Nightingale, considerada a "Mãe" da Enfermagem Moderna.
Foi na guerra da Crimeia , em que Reino Unido participou entre 1853 e 1856, que o seu trabalho se tornou mais conhecido e ela foi chamada de "Dama da Lampada" instrumento que usava durante a noite para ajudar melhor os feridos.
Florence Nightingale fundou a primeira escola de Enfermagem secular do mundo na inglaterra.