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- Publicado em 07 julho 2016

Visitar o Museu e Galeria Chissano constitui um exercício aperfeiçoador do existir e do ser. Situado no bairro Fomento Sial na Matola. A arte, aqui, constitui um verdadeiro círculo de busca constante da estética impossível e da humanidade por vir. Assim podemos tomar o legado de mestraço Chissano.
Conhecedor da técnica de bem vestir, esteticamente, a madeira, o ferro e a pedra.
O “Correio da Matola” foi para de perto recuar à vida e obra desta lenda da arte moçambicana e internacional. Guiados pelo seu neto, viajamos as gavetas do tempo para descobrir a estética impossível do mestre. No interior desta “casa-museu” é possível apreciar mais de 100 obras do mestre (com uma temática diversa) e muitas outras obras de outros artistas que compactuavam a técnica e acima de tudo a irmandade artística.
O sofrimento, a fome, a miséria e a esperança eternizaram-se em esculturas em casa do mestre. Refira-se que a madeira talhada por Chissano transpôs as fronteiras nacionais sobretudo pela consciência extraordinária da técnica e acima de tudo por ser uma arte que buscava em grande parte interrogar o lugar que o homem tem no Mundo e o mundo que existe dentro do Homem. Os traços negros africanos são coloridos pela cultura europeia num autêntico espectáculo inconfundível de mestria e eloquência estética. Da escultura à arte plástica e da arte plástica à escultura são essas viagens que caracterizam a obra de Chissano.
Segundo seu neto, o Museu e Galeria tem recebido sempre visitas. Gente curiosa, gente que quer aprender e sobretudo gente que se dedica às artes no geral. Os estudantes constituem o público que actualmente tem se destacado. Visitar este local, é no fundo abrir as feridas, ainda, vivas que o povo gravou na memória durante a guerra. Fotografar o sofrimento do povo, as convulsões sociais não foram motivos para fazer Chissano esculpir sem observar a estética. A estética de Chissano é deveras impossível. Diversificada em cada obra, todavia una em cada olhar. Numa época em que a simulação e o simulacro, a arte e a cultura, o artista e o artesão são todos confundidos, perceber Chissano é um imperativo estético-artístico.
Alberto Chissano nasceu em Manjacaza, na província de Gaza em 1934 e pôs termo à sua vida em 1994. Foi no Núcleo de Arte que ganha a aprendizagem do pintor Malagantana. A sua primeira exibição foi em 1966 e a sua casa após a sua morte foi transformada em museu.