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- Publicado em 30 novembro -0001

Sabe-se que devido a localização geográfica, o nosso país é propenso à calamidades naturais diversas. Outrossim, dados publicados pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades - Estudo sobre o impacto das alterações climáticas no risco de calamidades em Moçambique Relatório Síntese: Maio 2009 – referem que Moçambique tem uma linha de costa de cerca de 2700km.
Mais de 60% da sua população de aproximadamente 20.5 milhões vive nas áreas costeiras, a qual em muitos lugares consiste em terras baixas com praias arenosas, estuários e mangais.
O mesmo relatório refere que as províncias centrais são mais propensas a cheias, ciclones tropicais e epidemias, seguidas pelas províncias do Sul e do Norte. O Sul com o seu clima de savana, tropical e seco, é mais propenso a secas do que as regiões Centro e Norte, as quais são dominadas por um clima tropical chuvoso e clima moderadamente húmido modificado pela altitude.
A comunidade joga um papel muito importante no que diz respeito à gestão e redução (dos danos) de desastres naturais. As acções de gestão e redução de desastres naturais podem ser consideradas como as seguintes: a prevenção; a preparação para emergências e desastres; e por fim a resposta e reconstrução. Essa plataforma de gestão de desastres naturais é adoptada em países que sofrem, frequentemente, calamidades naturais. Parte-se do pressuposto que é aplicável no nosso país.
Tomados esses elementos bases de gestão e redução de calamidades naturais, resta-nos explicá-los e sublinhando, principalmente, como a comunidade pode alavancá-los, torná-los eficientes e eficazes a partir da sua participação activa e edificante.
Acção de prevenção pode ser tomada sob dois momentos:
- i) Avaliação de riscos: sendo o momento de identificação e análise dos riscos, sendo, também, o momento de identificação dos processos perigosos. Nesta fase a comunidade participa fornecendo dados e notifica sobre os locais de ameaças; a segunda parte diz respeito a redução de riscos: objectiva adoptar medidas para a redução da magnitude dos
- processos geológicos perigosos para eliminar ou reduzir as consequências sociais. Neste ponto, também, pode-se observar que sem a participação da comunidade é quase impossível reduzir as consequências sociais.
- iii) Preparação para emergências e desastres: esta fase consiste em assegurar as acções preventivas, de resposta aos desastres e de
- reconstrução. É portanto o momento de planeamento de protecção de populações contra riscos de desastres. Sendo a comunidade o principal autor dessa fase, pois através dos seus conhecimentos sócio-culturais auxilia o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades no esboçamento de uma plataforma de protecção e redução de riscos. Sem a participação da comunidade, corre-se o risco de desenhar-se um projecto de protecção que não seja, culturalmente, adequado.
- iv) Resposta ao desastre: comporta, principalmente, as seguintes acções de: socorro às vítimas e assistência às populações vitimadas. A resposta ao desastre é acima de tudo uma resposta ao aclamor da comunidade. Só e só há essa resposta quando a comunidade apresenta-se as autoridades de gestão, indicando o número de vítimas e as respectivas zonas.
- v) Reconstrução: constitui a última fase dessa plataforma de gestão e redução de desastres naturais, onde a comunidade suporta todas as fases. A reconstrução tem por finalidade restabelecer em sua plenitude os serviços públicos e o bem-estar da população. Aqui a comunidade participa tanto na identificação de bens públicos destruídos, assim como na reconstrução dos mesmos através de material local.
Por exemplo, a estiagem que afecta a zona sul do país de forma particular diversas áreas de produção na província de Maputo, com destaque para a pecuária, onde se reporta a morte de três mil cabeças de gado bovino por falta de pasto e água, só esta sendo minimizado e controlado pela activa participação da comunidade. Assim a comunidade tem tomado várias medidas com vista a minimizar os riscos da estiagem: prioriza culturas com maior resistência a períodos de déficit hídrico e constrói reservatórios com capacidade adequada a irrigação e a distribuição necessárias. A comunidade agindo como parte importante no processo de mitigação de desastres naturais, ajuda tanto o governo e outras organizações que actuam nessa área.
Desde modo pode-se dizer que a comunidade, em Moçambique participa na gestão e redução de desastres naturais. Faltando, apenas que se faça dessa participação principal e alavancadora, dentro da plataforma apresenta. Ao longo dos rios Búzi e Save a comunidade tem participado e alavancando a gestão de calamidades naturais, visando evitar vítimas humanas e danos económicos pelas inundações.