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Assentamentos em lugares impróprios nos diferentes bairros do município da Matola têm tirado o sono do Conselho Munipal daquela autarquia, que quer vê-la livre de inundações

Depois de um estudo técnico e profundo, realizado nos diferentes bairros com inundações severas como; Nkobe, Machava quilómetro 15, Liberdade, Bunhiça, Fomento entre outros, o Conselho Municipal, mais uma vez, constatou que o problema da vulnerabilidade à enchentes deve-se à construções em locais impróprios, o que impede completamente a passagem de água. São bairros onde quando regista-se alguma precipitação, as famílias são obrigadas a abandonar as suas casas, para não correrem o risco de serem atingidas pela fúria das águas.

O Conselho Municipal considera que as construções, para além de ilegais, foram feitas em locais delimitados para a instalação de bacias para a passagem de água. Na verdade, esta é a razão porque a água fique estagnada, prejudicando aqueles que estão bem localizadas.

O edil da Matola Calisto Cossa, deslocou-se na última quarta-feira, aos locais identificados, para  interagir com os munícipes que têm as suas residências em locais de vulneráveis a enchentes por serem o curso normal de água, e alertá-los sobre a necessidade de possíveis demolições de determidas casas e/ou muros, para dar lugar a instalação de sistemas que vão permitir a passagem de água. E a reação foi pacífica, o que dá a entender que os moradores daquelas áreas têm consciência que construíram em lugares impróprios.

 “Felizmente o problema mais uma vez foi identificado. O que queremos é que os munícipes tenham a sensibilidades de que os problemas desses bairros estão com eles próprios. Os munícipes sabem que há construções nos locais de decursos normais da água. Temos lá construções ilegáis que estão a impedir a passagem de água, daí a reacção positiva dos munícipes”, disse Calisto Cossa.

Edil da Matola avançou que até a última visita efetuada àqueles bairros, somavam-se cerca de 1200 casas em locais impróprios e agora, segundo contou-nos, a ideia é deixar claro aos olhos dos munícipes que por onde passa água não pode haver obstáculos.

Para a solução desses problemas, o Conselho Municipal da Matola, através da Empresa Municipal de Água e Saneamento, já começou a levar a cabo algumas acções. A título de exemplo, o bairro da Liberdade, onde muitas famílias haviam abandonado as suas casas devido às inundações, já dispõe de sistemas de bombagem de água. E quem viu as ruas daquele bairro há poucos meses atrás, antes da instalação das bombas, hoje, não pode reconhecé-las. Tanto que, ainda há casas abandonas, de famílias que até então, não acreditam que a solução já é uma realidade.

construcoes ilegai bomba de agua

Mas, diferentemente dos outros, a dona Margarida Jorge, que foi expreitar a sua casa abandonada há dois anos, pôde certificar-se de que as inundações já foram senadas, entretanto, contou a nossa reportagem, o drama que viveu naquele local devido em épocas de chuva desde o ano 2000.

Eu saí da minha casa há dois anos atrás, fui viver de aluguer junto com a minha família, porque já nã estava a dar. A água estava estagnada desde as cheias de 2000. E sempre que chuvesse, a água só aumentava e chegava a atingir a altura da minha cintura. Mas agora estou muito feliz, não creditava que haveria solução, mas estou a ver que já existe, por isso voltei”, afirmou a munícipe.

Tal como a Margarida, alguns munícipes já começaram a voltar a ocupar as suas residências.

Mas como o objectivo do município é de criar soluções definitivas de saneamento de água, só as bombas não podem resolver, por isso que persiste a necessidade de abertura de valas de drenagem por onde vai correr a água e as respectivas bacias. Sobre este aspecto, Cossa avançou que já existe um plano do sector de urbanizaçāo que vai estabelecer o crescimento vertical da cidade, em detrimento da horizontal que tomou conta não apenas na Matola, mas em todo o país, isto para permitir que a água também tenha o seu espaço.

Nós temos que olhar para a organização da cidade tal como ela deve crescer. Hoje em algumas das nossas cidades estamos a crescer na horizontal, chegará um momento que teremos que parar de crescer na horizontal para crescer na vertical, que é para permitir que a parte de saneamento também tenha o seu espaço, e isto já está planificado”.

Cossa falou sobre a importância da educação cívica virada para os munícipes, no sentido de terem consciência de apenas o Conselho Municipal tem competência para atribuir terra e deste modo evitar-se constrangimentos como construções em lugares imprórios.