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O ceu passou a ser o teto e as árvores do bairro Fomento, paredes desta idosa que  que foi despejada pelo seu próprio marido, no município da Matola.

Trata se de Rabeca Lázaro Machaieie mãe de 3 filhos com  66 anos de idade que viu seus bens na rua, numa accão protagonizada pelo suposto marido Alberto Nhatumbo que trabalhava na vizinha Suazilandia.

Segundo a vítima , o drama iniciou em 1984, quando seu marido, Alberto Nhatumbo, viajou para a vizinha Suazilândia, em busca das melhores oportunidades de trabalho para sustentar a família, e chegado ao destino, decidiu ficar, esquecendo dos propósitos desenhados a aquando da sua viagem. Nhantumbo preferiu abandonar a mulher e os três filhos, na altura menores, para formar uma nova família naquele país, sem contar que adoptou nacionalidade Swazi. Nhantumbo simplesmente despareceu sem dar sinal de vida, conta a vítima.

Ele viajou para Suazilândia dizendo que ia a procura de melhores condições, em 1984.  Abandou a mim e aos meus filhos ainda crianças. De 1984 a esta parte não tínhamos contacto directo. Consegui, através de amigos, a sua localização, e logo depois peguei nos meus filhos e lá fomos atrás dele, buscando o conforto de pai que trabalhava para seus filhos, mas no lugar de nos aconchegar este expulsou- nos da Suazilândia e nada deu-nos. Tendo nos expulsado voltámos para Maputo e aqui nos estabilizamos

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Depois dos 34 anos se passarem, Nhantumbo a viver com outra famíia que construiu noutro país, este quando viu que já não dipunha de uma boa saúde, decidiu voltar para Maputo, numa tentativa de buscar cuidados médicos.  Mas com a consciência pesada, Nhantumbo ao chegar a Maputo alojou-se na casa de sua filha, que teve com a outra esposa, por sinal, enteada da vítima despejada, ainda a criar  formas de como regressar à casa que abandonara há mais de 30 anos.

Sem saída, eis que em 2013 volta e conversa com as filhas anunciando a sua decisão sem o consenso da família, de  venda da moradia onde reside a primeira esposa abandonada e filhos, actualmente maiores de idade.

 “Depois de tempos em casa da minha enteada, ele voltou e eu o recebi como meu marido, achava eu que ele havia se arrependido e que quisesse voltar para casa, afinal era ilusão, ele vinha para me dizer que pretendia vender a casa. Os filhos questionaram-no, porquê? Ele disse que queria fazer empréstimo no banco para comprar um camião e que ia penhorar a casa, sem sequer se importar com o destino da família e sua esposa.

Entretanto, nem empréstimo e nem o referido camião foi comprado. Num outro desenvolvimento, Nhantumbo disse que queria vender a casa porque queria voltar para Maputo, porém não queria levar avante a sua vida com a Rabeca, dando a entender, que a casa é dele e por isso podia fazer o que bem entendesse.

Perante esta situação, a família não teve outro recurso se não recorrer ao tribunal, onde o Nhantumbo ganhou a causa precedente, em 2014, alegadamente porque  Rabeca apropriou-se de casa alheia (do marido) fazendo desta sua fonte de renda.

Quando a nossa equipa de reportagem conversou com a Rebeca, esta avançou que as condiçõoes de vida não estavam fáceis, ela e os filhos dormiam sem comer, tanto que teve que arrendar uma parte, para pelo menos conseguir o sustento da sua família.

No ano seguinte, 2015, intentado o recurso, o tribunal julgou a favor de Dona Rabeca, condenando Albino Nhatumbo por abandono de lar, falta de provisão de alimentos pois estes não tinham nenhum garante para as necessidades básicas. Daí parecia que tudo tivesse sido resolvido, afinal foi novamente uma alegria de pouca dura.

Hoje, Rabeca e filhos vivem na rua, usando o Céu como teto, rezando para que não chova, esperando a mão de qualquer vizinho que os dê algo para comer e/ou beber. Esta famíla está na rua desde esta segunda-feira, 18 de junho, pois o marido decidiu justo com os supostos compradores, arrombar a casa na ausência da esposa, tendo removendo todos os bens da família para rua e passando a mesma aos novos proprietários.

Daí, que os vizinhos têm apoiado a família em alimentação e agasalho quando possível, entretanto, lamentam o facto do abandono por parte do marido pois para a vizinhança, este homem não agiu como pai desde que foi à Swazilândia

Esse senhor viajou, foi ficar na Swazilândia e nunca mais voltou, abandou a filha mais velha  com um ano agora já é mãe de  3 filhos,  esse casal não convive como família há muito tempo. Quando esta família foi à Swazilândia a procura dele, descobriram que ele tem 6 filhos e mulheres lá, quando vinha para Moçambique ia se hospedar em Chibuto, Chokwe, para fugir de uma possível reconciliação e responsabilização para com os filhos. Agora que voltou está a fazer isto, triste”, Relatou Rosa, vizinha da vítima, que por sinal, foi uma das pessoas em que, desde o abandono do marido, a Rabeca se apoiou.

Esta quarta-feira, a Rabeca só teve teto para dormir junto com os filhos, devido a uma intervenção do presidente do município da Matola, Calisto Cossa que ficou a saber do caso e teve impatia, pedindo acolhimento daquela família e dos bens, numa casa vizinha. Mas o acolhimento era apenas para um período de 24 horas, a espera do novo julgamento que foi procedido na manhã desta quinta-feira, no Tribunal Judicial do Distrito da Matola.

A nossa equipa acompanhou o caso até ao tribunal. Entretanto, após o tribunal ter tido audição com as partes, este decidiu que Nhatumdo deve arranjar uma casa definitiva para a esposa e filhos num prazo de 3 meses, porém enquanto cria as devidas condições, deverá pôr a família numa outra  provisória, explicou o defensor Público, Rui Cuna.

No entanto, a decisão do tribunal não conforta a família. Até mesmo a filha do autor do despejo, enteada da vítima, não confia no seu pai, pois segundo conta, ele pode desaparecer sem cumprir com o acordado.

Este prazo, para mim, constitui uma maneira do Senhor Nhatumbo lograr seus intentos e voltar a desaparecer como o fez há 35 anos atrás. Não estou feliz com esta decisão, porque ele já prometeu fazer o que o tribunal disse, mas depois desapareceu por 35 anos, agora a despejou. Assim estamos a nossa sorte, entregamos tudo nas mãos da justiça. Mas meu coração não está sossegado, eu como enteada não entendo a forma de agir de meu pai” Concluiu.