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No contexto das tecnologias de agricultura desenvolvidas no país, a Estação Agrária de Umbelúzi, em Boane, introduziu, de há algum tempo a esta parte, a agronomia da cacana, tradicionalmente espontânea, intolerante à seca, mas que já se pode cultivar em qualquer estação do ano.

Para manter a erva com uma substância activa que actua directamente sobre as células cancerígenas, reduzindo o seu impacto no organismo humano, os técnicos recorrem a estacas e ao processo de irrigação.

Carvalho Carlos Ecole, agrónomo e coordenador do Programa Nacional de Horticultura e Protecção de Plantas, explica a necessidade de desenvolvimento desta técnica, que tem não só a ver com o valor terapêutico, como também nutricional, e que faz parte da dieta alimentar de muitas famílias, particularmente na região sul do país.

Explicou que para além de produzir mudas, a Estação de Boane já planta-a igualmente em canteiros, dada a raridade desta erva nos últimos tempos, que antes era adquirida em campos situados próximo da cidade. Com a expansão urbana, defende a fonte, hoje em dia a erva está cada vez mais distante do centro da urbe que tanto pressiona o país em termos de necessidades alimentares: a cidade de Maputo.

“Antes, a cacana consumida em Maputo vinha do bairro 25 de Junho, falo dos anos 1970/80. Mas de 1990 a esta parte, já não se encontra naquela zona. Ela passou a ser adquirida nos distritos de Bilene Macia e Chókwè, em Gaza. Tendo em conta o valor desta erva, decidimos preservá-la por todo o ano, mesmo em período seco”, disse.

Ainda sobre o valor terapêutico, Ecole fala de um interesse particularmente grande da indústria farmacêutica alemã e americana na pesquisa desta erva, e adverte: “Não nos espantemos ao ver um dia medicamentos fabricados com base em cacana para o controlo do cancro a serem vendidos no país.

“Nós já estamos a germinar uma semente de cacana que pode ser cultivada até nos prédios em vasos. Assim, qualquer um pode ter a erva, mesmo em vaso e retirar as suas folhas sempre que necessitar e usá-las para preparar um chá por exemplo. Temos para além da cacana e “tseque”, outra erva antes espontânea, mas que agora está a ser alvo de pesquisa e melhoramento.

Fonte: Jornal Notícias