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opiniao intelectuaisAntes de começar a exprimir, nesta minha missiva, o que me escorre na pele da opinião, vou em breves palavras recordar o que é um intelectual: considera-se intelectual todo indivíduo que usa o intelecto como ferramenta para compreender, reflectir ou especular acerca de ideias. Seu intelecto tem sempre uma relevância colectiva, socialmente.

Mas o que importa agora é abortar a situação dos ditos intelectuais nacionais. Arrisco-me a dizer que intelectuais na nossa Pátria Amada não existem e, a dizer que existem. Poeticamente os nossos intelectuais são uma espécie de antítese. São vários os indivíduos que se formaram em Universidades estrangeiras e aparecem hoje em público autointitularem-se INTELECTUAIS. Outros aparecem em programas televisivos com bocas inchadas de análises cheias de vazio. Enfim todos queremos ser intelectuais. Ser licenciado em Ciências Sociais, não significa que é tudo para que se seja intelectual. Já dizia o professor brasileiro, Luiz Etevaldo da Silva, que ser intelectual é um processo de desenvolvimento da visão crítico-dialéctica e crítico-reflexiva.

Os poucos homens comprometidos com o intelecto, com a sociedade em geral, estão hoje todos acorrentados a actividade políticas e partidárias. Será esta a função dum intelectual? São imensas as vezes que leio em jornais discursos de intelectuais, sempre com nódoas de cores partidárias. Um intelectual deve ser um indivíduo partidário ou apartidário? Que ideologias podemos esperar dum intelectual que canta, come, dança, dorme as custas de uma determinada angariação política?

Um intelectual, caro e amigo leitor, é uma criatura que sempre procura levar à sociedade "roupa suja" que o sistema ou o Estado tenta sempre enterrar antes de chegar aos olhos dela própria; ele faz de tudo para que haja mudança. Um intelectual é um camponês incansável da mudança. Ele é bússola que a sociedade precisa para caminhar, quando ele está mal informado, que podemos esperar da sociedade que lhe rodeia?

O intelectual é uma ameaça bélica aos detentores do poder, porque ele vê o que a lupa social não vê. Defendo a autonomia mental dos nossos cérebros, a despartidarização das suas análises. Não podemos continuar a usar os nossos cérebros como instrumentos de propagandas políticas e corruptas. Os nossos intelectuais, os que temos ultimamente, são um bando de inférteis.